As mulheres ganharam de vez protagonismo no agronegócio, mas não sem muito trabalho. De acordo com dados do IBGE (2017), quase 1 milhão de mulheres comandam propriedades rurais no Brasil. E onde elas não administram sozinhas, estão lado a lado com os maridos.
Alenise Fátima Kremer Zeni, 24 anos, agricultora e moradora da comunidade de São Miguel do Canoas, em Dois Vizinhos, diz que a gestão da propriedade é feita a quatro mãos. “Eu e meu marido tomamos qualquer decisão juntos e isso é fundamental para que possamos crescer com mérito de ambos. Gosto muito do que faço e tenho uma função essencial na propriedade. Por isso acho muito bom ser mulher do agronegócio.”
Segundo ela, as mulheres têm sim um papel principal não apenas nas cidades, mas no campo também. “Antigamente os homens não permitiam que as mulheres dessem ‘palpite’ nos negócios e hoje ajudamos nas tomadas de decisões e, em muitas propriedades, são as mulheres que tomam conta dos negócios independente de ter, ou não, um homem ao seu lado.”
Alenise é casada com Leandro Celso Zeni e tem um filho de 6 anos, o Ricardo Zeni. Ela nasceu e cresceu no campo, é filha de agricultores e casou com um homem que tem as mesmas origens. “Apesar da rotina cansativa, ela diz que se sente livre morando na fazenda e trabalhando com aquilo que realmente gosta.” A propriedade é destinada à produção de leite e silagem para o gado. A agricultora acorda cedo e sua rotina consiste basicamente em tirar leite de 55 vacas em dois períodos, às 5 e às 17 horas. Ao final de cada ordenha amamenta e cuida das bezerras; também faz a limpeza da ordenhadeira e dos pisos; no intervalo das duas ordenhas faz as tarefas da casa e toma conta do filho.
Na opinião dela, as diferenças entre homens e mulheres estão cada vez menores. “Como em qualquer outro lugar, a mulher vem conquistando seu espaço no campo, fazendo qualquer trabalho. Mas com certeza ainda há muitos desafios a serem superados pelas mulheres.”
Roberta Debastiani Mezzalira, 22 anos, também jovem agricultora e moradora de Dois Vizinhos, retornou recentemente para a lida diária na propriedade, pois esteve afastada por 8 meses devido à maternidade. Agora está trabalhando na sala de ordenha, mas sempre ajudou em todos os trabalhos inerentes à produção de leite. É moradora do campo a vida toda e, para ela, ser mulher no ramo do agronegócio é motivo de orgulho. “É paixão por esse setor que faz tanta diferença para o mundo.” Ela diz que também divide a gestão da propriedade com o marido e que a cada dia as mulheres têm mais oportunidades no meio rural. “Eu não trocaria o campo pela cidade, pois eu sempre vivi no campo e acho aqui mais aconchegante, mais calmo e gosto muito disso.”
fonte:
https://www.jornaldebeltrao.com.br/noticia/309356/mulheres-sao-protagonistas-no-campo